quarta-feira, maio 06, 2009

Nos beirais

Aqui ainda cantam andorinhas
pousadas nos beirais vermelhos,
sob o sol desta manhã de Maio
sobrevoam vales e montes velhos.

Desenham acordes nos cabos e
soltam-se no azul em voos picados.
Espero que possas ouvir a sua canção
quando pintarem as tuas primaveras.

Ao longe uma nuvem de fumo cobre
Lisboa, emersa nos escapes sobre rodas,
presa entre colinas que desaguam
no Tejo salpicado de ouros e pratas.

Gostava que o Homem percebesse,
que tentasse não estragar o recanto
bola repleta de tão grande encanto.

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sábado, abril 18, 2009

I dreamed a dream, por Susan Boyle

Sem palavras...



I dreamed a dream in time gone by
When hope was high,
And life worth living
I dreamed that love would never die
I dreamed that God would be forgiving.

Then I was young and unafraid
When dreams were made and used,
And wasted
There was no ransom to be paid
No song unsung,
No wine untasted.

But the tigers come at night
With their voices soft as thunder
As they tear your hopes apart
As they turn your dreams to shame.

And still I dream he'll come to me
And we will live our lives together
But there are dreams that cannot be
And there are storms
We cannot weather...

I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seems
Now life has killed
The dream I dreamed.

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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se lançou mas não voou...

Momentos de alma que,desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá-Carneiro

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Estou Cansado

Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto ­
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.


Álvaro de Campos

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Espuma

Cada bolha da espuma que trago,
Petrifica a ilusão da vontade
E alimenta em mim um temor vago,
e se o meu caminho avança sem mim?
Sorvo sôfrega a bolha da liberdade…

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terça-feira, janeiro 06, 2009

Tempestade

As brasas, lentamente arrefecendo,
Deixam no ar o odor das madeiras,
Que geada e chuva vêm humedecendo.
Os madeiros rangendo num fumeiro.

Gota a gota, corre um rio pla vidraça,
Como as palavras escorrem no papel
E cá dentro o calor alcança graça,
Como paulatino o toque da tua pele.

Atiçada a fornalha com mais um lenho,
Bruxuleante que ilumina o teu rosto…
E as sombras bailando como um sonho
Animam as paredes deste mosto.

Vórtice dos ventos da minha alma,
Aonde reina o silêncio e a calma,
Lançando o caos e soltando desgraça,
Varrendo sem dó minha vida baça.

Sonhos despedaçados no torvelinho,
Ondulam à deriva sobre os destroços.
A náufraga embrulhada em fino linho,
Recolhe no regaço os estilhaços...

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sexta-feira, novembro 14, 2008

Película irradiante que me envolve
Brilho intenso, que descobre um íntimo ardor
Lente de fino cristal que separa em cores
O tépido sol que toma as minhas dores

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quinta-feira, novembro 13, 2008

Em soluços, saltito como elefante
sobre o lago de nenúfares que sou eu
no cru entendimento as emoções
dos projectos adiados, o receio
a sombra me persegue incessante.

Estrépito humano, cobertura de vergonha
Falso o sol que ilumina o meu exíguo mundo
Um zumbido de lâmpada fluorescente
Rompe na noite quente e sem futuro

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Solar X-rays:

Geomagnetic Field:
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